Design denota projeto, cujo processo demanda a combinação de diferentes áreas do conhecimento para atingir algum objetivo igualmente pensado. O resultado desse projeto nem sempre é um objeto físico, mas sempre um objeto tangível Essa tangibilidade é o que o design interativo tem como maior objeto de estudo: a experiência do usuário e forma como o produto se comporta e exige comportamentos.
Originalmente, o design buscava atingir um certo equilíbrio entre arte e funcionalidade, logo se tornando ferramenta de persuasão. Porém, ele se expressava através de forma visual, tátil e sonora, até que esse tipo de interação se tornou quase inconsciente aos usuários. Restou aos designers explorarem novas formas de comunicação usuário-produto, descobrindo formas novas de usar os sentidos, o que vem resultando nos mais diversos modelos de interação nas diferentes áreas do design.
Tomarei agora por base as habilitações de Design existentes na PUC-Rio para exemplificar como o design de interação está representado em cada área de atuação.
Projeto de Produto:
Os frutos do desenho industrial já são amplamente usados, projetados para serem o mais intuitivo e prático possível. Mas quanto ao desafio do design de interação, vê-se objetos de comportamentos incomuns, como móveis que se transformam em outros de funcionalidade completamente distintas. Esse é o caso do projeto conceito Totem, que se resume em uma linha de objetos que criam novas dinâmicas sociais fazendo uso de diferentes sentidos, como audição, tato, visão. Nesse caso, os sentidos não estão sendo usados como persuasivos, mas como ativadores de memória, indicadores de conduta e gamificações de sessões criativas.
Moda:
A moda aproveitou a oportunidade da biotecnologia e da miniaturização dos circuitos eletrônicos para conferir comportamento e inteligência às roupas e aos acessórios. O exemplo abaixo é resultado da junção da malha com uma bactéria que reage a níveis de umidade, abrindo-se para aumentar a circulação de ar.
Comunicação Visual:
Quanto à essa área, percebe-se uma enorme preocupação com design de experiências, criando peças de viés artístico, mas que explorem a forma como a "peça de arte" reage ao mundo. Além disso, designers dessa área também descobrem novas interações com sentidos já comumente explorados, como o uso de perspectiva na composição de alguma peça gráfica instigando a visão, produtos táteis e até a simplificação do fazer design, a exemplo do trabalho de um professor da PUC, Luiz Ludwig.
Mídia Digital:
E por fim a habilitação à qual pertenço, que se apresenta por meio de jogos, tecnologias digitais entre outras tantas coisas. Talvez essa área tenha sido pioneira na experimentação dos sentidos em projetos de design, já que tradicionalmente está mais próxima de novas tecnologias. Por conta disso, o designer de mídia digital testa formas alternativas de "input" e "output", para criar sensações e comportamentos novos. Como é o caso dos vídeo games que passaram a computar não só os cliques, mas os movimentos do jogador, que agora vêm a ser usados como ferramenta para centenas de outros projetos, muitas vezes nem relacionados a jogos.
A popularização das placas de baixo custo, como Arduíno, e controladores MIDI permite a prototipação rápida e barata, potencializando ainda mais o surgimento de novas interações. O site abaixo é um mural de trabalhos feitos acima dessas interações.